quarta-feira, 21 de julho de 2010

À minha querida família Comando

Minha querida Equipe Comando

Na vida, precisamos aprender a ganhar e a perder. O mais difícil, eu sei, é a dor da perda sem explicação.

Eu participo de gincana há 13 anos. Já ganhei e já perdi. Aprendi a lidar com ambas as situações. Quem me conhece saber que, em todas as gincanas que eu perdi, eu jamais abri minha boca pra questionar a justiça do resultado ou a lisura da Comissão Organizadora. Nunca.

Primeiro porque eu acho errado questionar a idoneidade da Comissão. Quando a gente entra numa gincana, a gente aceita submeter-se à uma comissão soberana. Quem não confia nela, tem a opção de não participar, é bem simples. Mas, ao se inscrever, você assina embaixo de qualquer decisão que ela tome.

Pois bem.

E o que é que eu quero com essa carta? Quero explicar a todos os meus queridos amigos da família Comando o que foi que aconteceu e que causou tanto burburinho nessa escola nos últimos dias.

Oficialmente, perdemos a gincana. O resultado final, que é o válido e inquestionável, foi dado no domingo, e a Campeã é a Equipe Kuka. Parabéns a eles. Mas, agora, eles não me interessam.

Preciso que vocês, meus companheiros de equipe, prestem atenção para que entendam o que de fato aconteceu. O resultado oficial divulgado deu o troféu à equipe kuka por uma diferença de 04 (quatro) pontos do segundo lugar – nós.

Quem conhece gincana sabe que quatro pontos são quase insignificantes em gincana. Perde-se e ganha-se quatro pontos pelas mínimas besteiras que se pode imaginar.

Ocorre, entretanto, que nós não perdemos essa gincana. Na prática, na matemática básica e na lógica quase aristotélica da coisa, não perdemos. E vocês já vão entender o porquê.

Não precisa ser expert em matemática ou em gincana para entender o seguinte raciocínio: perdemos por quatro pontos, certo? Ok. Mas vamos ao que interessa:

1. Havia uma tarefa na qual as equipes deveriam postar alguns vídeos no blog da equipe – um total de seis vídeos que dava um total de 12 pontos. Nós postamos os seis (que ainda estão lá, no blog, pra quem quiser ver, postados na data correta). Ou seja, deveríamos ganhar os 12 pontos. Só que a comissão apenas viu dois desses vídeos – porque os outros quatro não estavam na pagina principal e eles, por equívoco (plenamente compreensível) não mudaram a página para olhar. Portanto, aqui já temos mais 8 pontos (que, sozinhos, já nos fariam campeões pela diferença de 4 pontos).

2. O encerramento foi zerado sob o argumento que havia, na nossa apresentação, um cântico a um Orixá. O professor de história do segundo ano havia respondido que aquelas frases eram um cântico porque tinha sido questionado apenas sobre as frases, exclusivamente. Quando, na segunda feira, ele soube que na verdade falava-se de uma versão cantada por Carlinhos Brown, ele afirmou não se tratar de um cântico. Pois bem. Nosso encerramento foi injustamente zerado, o que nos daria 70 pontos a mais. Mas eu nem quero falar desses 70, porque precisaríamos de bem menos pra ganhar. Nessa mesma tarefa, havia uma pontuação extra, que não fazia parte do cumprimento, que era dada para as equipes que levassem um bailarino do ballet folclórico. Nós levamos. Não apenas um, mas dois. Mesmo assim, mesmo sendo extra a pontuação do bailarino, a comissão não a computou, e, por isso, não ganhamos os 10 pontos pelo bailarino. Ou seja, deixamos de ganhar 10 pontos, que nos daria a diferença de 14, (isso desconsiderando que zerar o cumprimento foi um equívoco).

Eu, de coração, não estou questionando a idoneidade da Comissão Organizadora. Como falei, confio na honestidade dela, senão não participaria. Porém, os erros estão aí, demonstrados pra quem quiser ver. Eu não acho, e nunca achei, que o resultado seria modificado. Isso nunca aconteceria.

O que eu sei, e posso garantir a vocês, é que somos verdadeiramente Campeões. A matemática confirma e tudo que eu disse aqui pode ser comprovado. A comissão errou e, com isso, perdemos a gincana. Faz parte do jogo. Seleções são desclassificadas de copa do mundo por erros de arbitragem. Voltam pra casa, tristes, desolados, como nós, mas com o gosto da vitória entalado na garganta.

A primeira coisa que disse a vocês, nesse texto, foi que devemos saber ganhar e perder. Pois é. Mas devemos, também, saber lidar com a injustiça. Principalmente aquela que não tem culpados (porque eu realmente não acho que a comissão roubou). Como aquela injustiça de saber que todos os dias morre gente de fome, e a gente não pode fazer nada. É dessa injustiça que falo: da que a gente tem que aceitar, por não ter nada que se possa fazer, nem ninguém que se possa atribuir a culpa.

O troféu não é nosso, nem vai ser. Mas cada um de vocês ajudou para que fossemos, como somos, verdadeiramente campeões.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Aos ex alunos.

Algumas vezes, por mais que a gente tenha o que falar, parece que as palavras fogem e, ainda que procuremos por todos os lados, só o silêncio mostra-se acessível.

Eu podia escrever aqui sobre todos os motivos que deixaram a maioria de vocês indignados com a derrota. Mas, preciso falar de uma outra coisa, muito mais importante.

Quando temos uma gincana disputada, como foi essa, a vitória não é uma coisa de responsabilidade dos componentes da equipe. Por mais contraditório que pareça, quando a gincana atinge um grau de competitividade muito alto, em que as equipes estão pareadas na busca do troféu, não é dedicação, esforço, união, garra, determinação, que fazem a diferença.

Já participei de gincanas que ganhei com quase 400 pontos de diferença.

Mas, com uma diferença de 4 pontos, a gente conclui que, se alguma das inúmeras tarefas de palco fossem julgadas de forma diferente, teríamos ganhado. Se nossa single ladies não tivesse ficado em último injustamente, se o meu café da manhã não tivesse perdido para o da Titãs, quando o único critério era a decoração da mesa de acordo com o tema (não preciso explicar nada porque a maioria de vocês viu as duas). Se nosso vídeo do super fantástico não tivesse injustamente ficado em segundo.

Saibam que 4 pontos em gincana são, em tese, insignificantes. Ganha-se 4 pontos a mais quando alguém da comissão diz que uma ou outra apresentação foi mais bonita. Ganha-se 4 pontos muito subjetivamente, quando se diz que uma peça foi mais engraçada que outra, quando alguém corre 3 segundos a mais que outro, quando não deixam que a outra equipe coloque a jangada na piscina porque tem durex. Enfim, ganha-se e perde-se quatro pontos por qualquer besteira que a comissão julgue dessa ou daquela forma. E esse é o problema. Quando a gente ganha ou perde por 200 pontos, sabe-se que foi um conjunto de fatores que levou àquela derrota. Mas, quando são quatro pontos, sentimos o gosto amargo de que nada do que tivéssemos feito mudaria: no final, era uma questão de opinião da comissão, e não de capacidade, de vontade, de união, etc.

E é por isso que eu não estou triste, nem indignada. Tenho absoluta certeza de que tínhamos plenas condições de ganhar. Por isso me despeço da gincana com a maior tranqüilidade do mundo.

Tranquilidade de quem fez gincana durante 13 anos por amor. Por vontade de conviver durante dois meses com alguns amigos que infelizmente insistem em se afastar em todo o resto do ano.

Tranquilidadade de quem foi fiel o tempo inteiro aos seus valores, ganhando ou perdendo.

Tranquilidade de quem fez o que pode, sempre.

Tranquilidade de quem preferia perder todas as gincanas do mundo, do que ter que me associar a meus rivais pra poder ganhar.

Tranquilidade por fazer parte, há tantos anos, do melhor grupo de ex-alunos daquela escola, que se tornaram grandes amigos. E é por isso, que eu só tenho a agradecer.

Inicialmente, como não poderia deixar de ser, à Marcela, minha irmã, por quem eu faço tudo que eu puder, e quem eu defendo sempre, de todas as maneiras possíveis. A única que esteve ao meu lado em todas essas treze gincanas e uma das melhores gincanistas que eu conheço.

À Sam, minha outra irmã, por ser, talvez, o meu motivo de ter participado de tantas edições. A minha inspiração enquanto gincanista.

À Amanda, minha irmã pequena, por cada olhar e cada sorriso sincero, nos momentos mais estressantes daqueles dois dias.

À Talitinha - tão ex aluna como nós - por ser uma artista, e por ser a melhor em tudo que se propõe a fazer.

À Leide, a melhor coreógrafa que eu já conheci em gincana, por me lembrar Mariana em todos os anos, pela dedicação contagiante.

A Mateuzinho, por ser um verdadeiro porto seguro. Por segurar todas as pontas sempre que eu precisava e por responder com um abraço todas as minhas angústias.

A Juby, por resolver todos os milhares de problemas que eu lhe confiei nesses dois meses.

A Reis, pela vontade contagiante que brotou de seus olhos em todo esse tempo.

A Thiago, por tanto cuidado no meio de tanta agonia. Por toda a atenção e preocupação e, principalmente, pelo exemplo de componente que se tornou.

A Cantalino, a minha surpresa dessa gincana, pelo bom humor contagiante e pelo carinho manifestado em cada encontro naquele corredor.

A Pablo, talvez o melhor gincanista que o integral já viu, por trazer o primeiro lugar todas as vezes que sobe ao palco, e por ajudar de maneira singular mesmo quando não é de palco a tarefa que lhe é confiada.

A todos os outros ex alunos da nossa equipe, que eu só encontrava uma vez por ano, na gincana, mas que também são responsáveis pelo sucesso inquestionável do grupo que formamos.
Ano que vem, quando maio chegar, alguns scraps vão aparecer no meu Orkut. Alguns alunos e ex-alunos me chamando pra ir pra gincana. Alguns de vocês ainda vão participar. Eu, de longe, torcerei por vocês. Mas posso dizer que minha participação em gincanas termina aqui. E, como eu nunca imaginei, o mais importante não foi a quantidade de vitórias que tive. Isso, talvez, agora, não tenha nenhuma importância. Sem dúvida alguma, o mais importante é o que me fez continuar fazendo gincana durante 13 anos: vocês, os meus amigos.

Só espero que tenhamos criatividade para inventar outro motivo para voltarmos a nos reencontrar, pelo menos uma vez por ano, de forma frequente. E, para mim, resta então o desafio de ficar um ano inteiro sem parar pelo menos um mês para retornar à adolescência e sair da rotina das preocupações do mundo de adulto. Muito obrigada mesmo.

sábado, 17 de julho de 2010

sexta-feira, 16 de julho de 2010