segunda-feira, 19 de julho de 2010

Aos ex alunos.

Algumas vezes, por mais que a gente tenha o que falar, parece que as palavras fogem e, ainda que procuremos por todos os lados, só o silêncio mostra-se acessível.

Eu podia escrever aqui sobre todos os motivos que deixaram a maioria de vocês indignados com a derrota. Mas, preciso falar de uma outra coisa, muito mais importante.

Quando temos uma gincana disputada, como foi essa, a vitória não é uma coisa de responsabilidade dos componentes da equipe. Por mais contraditório que pareça, quando a gincana atinge um grau de competitividade muito alto, em que as equipes estão pareadas na busca do troféu, não é dedicação, esforço, união, garra, determinação, que fazem a diferença.

Já participei de gincanas que ganhei com quase 400 pontos de diferença.

Mas, com uma diferença de 4 pontos, a gente conclui que, se alguma das inúmeras tarefas de palco fossem julgadas de forma diferente, teríamos ganhado. Se nossa single ladies não tivesse ficado em último injustamente, se o meu café da manhã não tivesse perdido para o da Titãs, quando o único critério era a decoração da mesa de acordo com o tema (não preciso explicar nada porque a maioria de vocês viu as duas). Se nosso vídeo do super fantástico não tivesse injustamente ficado em segundo.

Saibam que 4 pontos em gincana são, em tese, insignificantes. Ganha-se 4 pontos a mais quando alguém da comissão diz que uma ou outra apresentação foi mais bonita. Ganha-se 4 pontos muito subjetivamente, quando se diz que uma peça foi mais engraçada que outra, quando alguém corre 3 segundos a mais que outro, quando não deixam que a outra equipe coloque a jangada na piscina porque tem durex. Enfim, ganha-se e perde-se quatro pontos por qualquer besteira que a comissão julgue dessa ou daquela forma. E esse é o problema. Quando a gente ganha ou perde por 200 pontos, sabe-se que foi um conjunto de fatores que levou àquela derrota. Mas, quando são quatro pontos, sentimos o gosto amargo de que nada do que tivéssemos feito mudaria: no final, era uma questão de opinião da comissão, e não de capacidade, de vontade, de união, etc.

E é por isso que eu não estou triste, nem indignada. Tenho absoluta certeza de que tínhamos plenas condições de ganhar. Por isso me despeço da gincana com a maior tranqüilidade do mundo.

Tranquilidade de quem fez gincana durante 13 anos por amor. Por vontade de conviver durante dois meses com alguns amigos que infelizmente insistem em se afastar em todo o resto do ano.

Tranquilidadade de quem foi fiel o tempo inteiro aos seus valores, ganhando ou perdendo.

Tranquilidade de quem fez o que pode, sempre.

Tranquilidade de quem preferia perder todas as gincanas do mundo, do que ter que me associar a meus rivais pra poder ganhar.

Tranquilidade por fazer parte, há tantos anos, do melhor grupo de ex-alunos daquela escola, que se tornaram grandes amigos. E é por isso, que eu só tenho a agradecer.

Inicialmente, como não poderia deixar de ser, à Marcela, minha irmã, por quem eu faço tudo que eu puder, e quem eu defendo sempre, de todas as maneiras possíveis. A única que esteve ao meu lado em todas essas treze gincanas e uma das melhores gincanistas que eu conheço.

À Sam, minha outra irmã, por ser, talvez, o meu motivo de ter participado de tantas edições. A minha inspiração enquanto gincanista.

À Amanda, minha irmã pequena, por cada olhar e cada sorriso sincero, nos momentos mais estressantes daqueles dois dias.

À Talitinha - tão ex aluna como nós - por ser uma artista, e por ser a melhor em tudo que se propõe a fazer.

À Leide, a melhor coreógrafa que eu já conheci em gincana, por me lembrar Mariana em todos os anos, pela dedicação contagiante.

A Mateuzinho, por ser um verdadeiro porto seguro. Por segurar todas as pontas sempre que eu precisava e por responder com um abraço todas as minhas angústias.

A Juby, por resolver todos os milhares de problemas que eu lhe confiei nesses dois meses.

A Reis, pela vontade contagiante que brotou de seus olhos em todo esse tempo.

A Thiago, por tanto cuidado no meio de tanta agonia. Por toda a atenção e preocupação e, principalmente, pelo exemplo de componente que se tornou.

A Cantalino, a minha surpresa dessa gincana, pelo bom humor contagiante e pelo carinho manifestado em cada encontro naquele corredor.

A Pablo, talvez o melhor gincanista que o integral já viu, por trazer o primeiro lugar todas as vezes que sobe ao palco, e por ajudar de maneira singular mesmo quando não é de palco a tarefa que lhe é confiada.

A todos os outros ex alunos da nossa equipe, que eu só encontrava uma vez por ano, na gincana, mas que também são responsáveis pelo sucesso inquestionável do grupo que formamos.
Ano que vem, quando maio chegar, alguns scraps vão aparecer no meu Orkut. Alguns alunos e ex-alunos me chamando pra ir pra gincana. Alguns de vocês ainda vão participar. Eu, de longe, torcerei por vocês. Mas posso dizer que minha participação em gincanas termina aqui. E, como eu nunca imaginei, o mais importante não foi a quantidade de vitórias que tive. Isso, talvez, agora, não tenha nenhuma importância. Sem dúvida alguma, o mais importante é o que me fez continuar fazendo gincana durante 13 anos: vocês, os meus amigos.

Só espero que tenhamos criatividade para inventar outro motivo para voltarmos a nos reencontrar, pelo menos uma vez por ano, de forma frequente. E, para mim, resta então o desafio de ficar um ano inteiro sem parar pelo menos um mês para retornar à adolescência e sair da rotina das preocupações do mundo de adulto. Muito obrigada mesmo.

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